quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Abstrato crítico



O que há dentro de um museu? Informação demais! Certo, a informação pode ser do tipo que te agrade, e é bem claro que você é livre para escolher e selecionar quais irá absorver dentro de um museu. Mas e o que acontece com aquelas pessoas que querem saber, aproveitar e absorver TUDO?
Ao visitar o museu das tecnologias, Oi Futuro, me senti como uma dessas pessoas (eu sou uma delas, na verdade) e acabei ficando presa. Presa àquele tanto de informação, que às vezes eram iguais, em um espaço não tão grande e com um tempo limitado.
Tendo isso em mente, resolvi representar o museu do meu ponto de vista com as seguintes características:
  • fechado: onde há uma certa dificuldade no entrar e sair, mesmo a visita sendo gratuita;
  • pouco espaçoso: não há como ver tudo de uma vez, não há como ter uma visão geral do espaço e das informações;
  • opaco: a informação, às vezes excessiva, impossibilita a clareza do que quer passar;
  • degraus: vários caminhos que na verdade são um só, se encontram e desencontram várias vezes, representando as informações em si. Repetidas, desordenadas por vezes, e em grande número.
Há na minha impressão e na minha expressão, uma crítica ao ambiente do museu em geral, mas é claro, não deixo de apreciar a importância histórica, cultural, social e recreativa desse espaço, que mesmo ficando "perdida", eu adoro!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Oi Futuro

Para visitar o museu das telecomunicações Oi Futuro, é preciso ir, de preferência, com bastante tempo.
É provável que, ao sair de lá, você saberá toda a história de como surgiu qualquer meio de comunicação que já existe, assim como daqueles que estão em desenvolvimento. A quantidade de informação é imensa e a tecnologia que experimentamos na visita é surpreendente e inspiradora!
Vale a pena visitar!



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um sonho concreto

Com a intenção de retransmitir a calma e a tranquilidade que encontramos nas visitas à Casa do Baile, Júlia, Rebeca e eu adicionamos alguns elementos ao panorama e retiramos outros.
O chão de areia é um exemplo: nos remete à praia, às férias, à calma, onde tudo pára e a paz reina.
Já as curvas da marquise de Niemeyer e os jardins de Burle Marx vistos do ponto de vista escolhido, proporciona uma passividade e uma serenidade abstrata, quase como um sonho. As cores, realçadas, dão ao sonho uma doce perfeição, nos levando ao infinito, onde a marquise e o chão se encontrarão.

sábado, 19 de setembro de 2009

Corda Arquiteta


A princípio o papel do arquiteto, além de inúmeros outros, é conseguir conciliar indivíduo, sociedade e natureza. No entanto, nem sempre ele consegue juntar esses três fatores em um mesmo projeto. Um deles pode acabar ficando de fora, no meio do caminho pode haver um impecílio, e pode ser que o fator esteja presente, mas ele está vazio de significado.

Com essa idéia, inspirada no livro de Herman Hertzberger, "Lições de Arquitetura", crio essa corda que é formada por três partes, como uma trança.
Uma das partes representa o indivíduo, o privado. O seu tecido é irregular: hora existem bolinhas pequenas, hora elas são grandes, ou simplesmente médias, e o seu enchimento também: em cada parte uma textura diferente pode ser sentida. Com essa heterogeneidade quero transmitir a caracterização do ser humano por si só: diferente à cada momento da vida, com várias personalidades e gostos.
A segunda parte da corda representa a sociedade, o público. E por que não representá-lo pela rua? É na rua onde encontramos a sociedade em sua forma mais concreta e mais visível. Por isso, então, escolho o tecido cinza com os tracejados amarelos, imitando uma rua.
Por fim, represento a natureza com um tecido bem alegre: azul, verde e rosa, com uma estampa florida e com um toque tropical, dando vida à Corda Arquiteta.

Então, junto as três partes, mas não é em toda a corda que elas estão trançadas juntas. Há momentos em que duas partes se juntam e outra parte caminha separada, em outros momentos uma parte se embola em um nó, enquanto que em outras partes não há enchimento, mas o tecido está lá, presente no trançado. Termino a corda com um laço, representando o fim, o desfecho, o término da trança, ou do projeto do arquiteto.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Comentando

JÚLIA: http://juliaterra.blogspot.com/

Júlia utilizou as cores para destacar o que mais lhe chamou a atenção: a marquise, as pilastras e o corrimão da ponte que liga a ilha - onde está situada a casa - à rua. O filtro utilizado no photoshop auxiliou nesse efeito e possibilitou também a criação de uma atmosfera sonhadora.
Ao redor da casa, a imagem aparece em um 'quase' preto e branco, enquanto que na rua, onde nos encontramos fora do 'mundo' da Casa do Baile, as cores estão presentes em tudo. Isso transmite essa transição de um mundo etéreo, que nos remete ao passado, para um mundo real e atual.



Rebeca escolheu um efeito de lápis de cor, deixando o seu panorama com um ar de desenho/pintura, para com isso transmitir as suas sensações ao visitar a Casa do Baile: tranquilidade, beleza e harmonia. O encontro da arquitetura com a natureza também foi bem evidenciado pela escolha do local onde foi feito o panorama.
Ela poderia ter explorado mais ferramentas disponíveis no photoshop, no entanto, acredito que a intenção não seria cumprida e o efeito passado pela imagem não seria o mesmo.



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O nascimento da noite




"No princípio, o mundo não possuía nem noite e nem animais. As pessoas, porém estavam cansadas de tanta luz, pois mal podiam repousar. Sabiam, contudo, que a cobra grande, dona de poderes mágicos, guardava a noite muito bem guardada, cuidadosamente fechada com breu e oculto em algum lugar no fundo do rio.

A cobra grande jamais revelara a ninguém o segredo do coco com exceção de sua filha. E esta, embora não pretendesse transmiti-lo a quem quer que fosse, cedeu ante o sofrimento do marido. Ficou com pena vendo-o dormir tão mal, andar sempre cansado, enquanto ela estava livre disso. E a filha da cobra grande revelou ao marido como era possível obter a noite. De posse do segredo, ele mandou que os seus três escravos procurassem a cobra grande e lhe pedissem a noite em nome da filha, conforme a moça aconselhara.

Ao chegarem ao local onde a cobra grande vivia, ela mergulhou no rio e voltou com o coco onde a noite estava guardada. Pediu-lhes que de nenhum modo abrissem o coco, porque somente a sua filha possuía, além dela, o poder de controlar a noite.

De nada adiantou a advertência da cobra grande. Quando estavam no meio do caminho começaram a perceber certos ruídos estranhos que saíam do coco e que eles não conheciam. Eram vozes dos habitantes da noite, que haviam acordado com o movimento: sapos, grilos e outros bichos. Os três índios não resistiram. Desceram da canoa e acenderam uma pequena fogueira para derreter o breu. De repente a noite nasceu. Tudo ficou tão escuro que os três não sabiam para onde ir. Os bichos que estavam dentro do coco saíram imediatamente, enchendo o ar com suas vozes.

Quando a escuridão atingiu o local onde a moça vivia, ela percebeu logo o que havia acontecido, e contou ao marido. O marido ficou apavorado: 'Como vamos viver nesta escuridão?' a moça disse-lhe que não temesse, pois era senhora de um segredo que podia separar o dia da noite. Tirou, então, um de seus próprios cabelos e, segurando uma ponta em cada mão, começou a cortar rapidamente a escuridão. Não demorou muito, surgiu uma fímbria de luz, que foi aumentando rapidamente. E então o ar se encheu das vozes dos habitantes do dia. Pássaros e insetos transformaram a floresta, deixando surpreso o índio, mais não sua mulher. 'Finalmente teremos o dia e a noite - disse ela - e você poderá também descansar'.

Algumas horas depois, chegaram os três escravos, bastante machucados dos trancos que haviam dado na floresta por causa da escuridão. Procuraram justificar o que tinham feito. A mulher do índio, porém, não concordou: Vocês vão se transformar nuns bichinhos muito curiosos que devem ter visto enquanto caminhavam para cá. Vou transformá-los em macacos. Enquanto não aprenderem a controlar sua curiosidade, terão que colher cocos o dia inteiro. E dêem-se por felizes por poderem descansar durante a noite.'"

(Gonçalves Ribeiro)



EXPLICANDO:

De um lado o dia, de outro a noite.
É com isso que inicio a construção do meu panorama.
Adiante junto o fictício à realidade, o mito à verdade, a idéia ao concreto, enfim, a história à Casa do Baile. Transformo, então, a marquise na Cobra Grande, e a Casa do Baile no coquinho onde a noite se esconde. E é através dos escritos que procuro deixar clara essas idéias. À esquerda o escrito ganha caráter de descrição e esclarecimento, enquanto à direita o escrito dá vida à noite que acaba de escapar.
Deixo, portanto, à vontade de cada um entender, como desejar, a ligação entre a Casa do Baile e o mito indígena.